Arquivo | fevereiro, 2010
1 fev

Conheças todas as teorias, domine todas as técnicas, mas ao tocar uma alma humana, seja apenas outra alma humana.

(Carl Gustav Jung)

Sobre a irritabilidade

1 fev

DA OBSERVAÇÃO
Não te irrites, por mais que te fizerem.
Estuda, a frio, o coração alheio.
Farás, assim, do mal que eles te querem,
Teu mais amável e sutil recreio.

(Mário Quintana)

Não sei se é fruto do clima TPM, ou se é conseqüencia de todo este calor, mas a minha irritação anda absolutamente fora de controle!

Tudo começou no Sábado à tarde enquanto  fazia a inscrição do meu pai para a UFCSPA (sim, como se não bastasse tudo o que ele já é, resolveu fazer enfermagem: vai deixar os pacientes tontos de tanto que fala!). Aquele maldito site do governo federal não funcionava direito: era uma sucessão de falhas e erros que deixaria qualquer pessoa no limite entre afogar-se na privada, ou  jogar-se pela janela.

 Tudo ao meu redor começou a conspirar contra mim, tudo estava me fazendo muitíssimo mal. Como se cada detalhe deste dia (e de todos os que sucedessem) estivesse programado para fazer com que  minha barriga se contorcesse de dor, sem nem ao menos fazer algo para sentí-la.  

Essa enlouquecedora sensação piorou quando desatei uma discussão construtiva sobre o quanto a Igreja era preconceituosa com os gays e o quão desumano e anti-cristão é isto . Óbvio que não daria certo, além do meu corpo inteiro se retorcer de raiva, fiquei com dor de cabeça.

Domingo de manhã cheguei ao limite.  Nada desencadeou isso, todavia as pessoas em si começaram a  instigar aquele nó na minha garganta, a irritação estava à espreita. Não era só o que diziam, não eram só suas atitudes: elas, por si só, me deixavam com raiva e aumentavam cosideravelmente todo aquele mau-estar no abdômem. Só o fato de os seres humanos existirem e conviverem no mesmo ambiente que o meu, causava reações catastróficas no meu estado de humor, que já não era dos melhores (será que eu sou borderline?)

Houve, nessa mesma manhã,a estúpida e péssima idéia de brincar de brigar, e é claro que este jogo não foi agradável. Se tornou tão real pra mim, tão experencial que me via a ponto de explodir igualzinho a bomba de hiroshima, tanto em sua imensa potência devastadora de casas e prédios, quanto em seu efeito nocivo psicológico, suficiente para destruir famílias e altamente eficaz na amarga sensação de tristeza crônica: marca deprimente e avassaladora de um país inteiro que chora e lamenta até hoje, f-a-c-i-n-a-n-t-e: literalemnte a gota que virou o copo.

Felizmente, à tarde, me diverti: toda aquela tinta, toda aquela água, toda aquela felicidade era o que precisava naquele momento, pena que durou pouquíssimo tempo. À noite, todo aquele calor, todas aquelas pessoas e principalmente todas aquelas crinças, contribuíram, e muito, para que o meu dia acabasse em desespero total. Nem eu conseguia aguentar mais  (ainda não aguento), cheguei ao extremo de desejar arrancar todos os fios do meu volumoso cabelo com os próprios dentes!

Definitivamente não sei administar essa emoção. Isso já passou dos limites!  Não fui feita pra ficar de mau-humor durante tanto tempo. Não fui criada para ser uma pessoa irritada e nem sei como agir em momentos como estes- talvez seja por isso que sinto uma incontrolável vontade de bater com a minha cabeça na parede, não tenho estrutura física, nem psíquica, para brincar de ser malvada.